falecimento do ator Nelson Xavier

Caso o último desejo de Nelson Xavier tenha sido atendido, ele está sendo velado hoje, no Cemitério do Caju, no Rio, com um terno que pertenceu ao médium Chico Xavier. O pedido dimensiona a importância do personagem e da arte na vida do ator paulista, que morreu ontem, aos 75 anos, na cidade de Uberlândia, de insuficiência respiratória em decorrência de um câncer. Xavier, cujo corpo será cremado, lutava contra a doença há 14 anos e estava se mudando para a cidade mineira para dar continuidade ao tratamento. 

O encontro com a obra de Chico Xavier (1910-2002) aconteceu em 2010, quando Nelson deu vida ao médium no filme de Daniel Filho, um dos papeis mais marcantes de sua trajetória, visto por mais de três milhões de pessoas. No ano seguinte, ele voltaria ao religioso em As Mães de Chico Xavier, de Glauber Filho e Halder Gomes. Encarnar Chico e mergulhar tão fundo em sua espiritualidade foi tão revelador, disse Nelson, que ele quis permanecer nesta emoção para o resto de sua vida. “Eu que achava que não era um homem de fé, adquiri a fé de que o amor é a única força invencível, possível de mudar o mundo”, afirmou.

informação: blog daqdaucasinhas.blogspot.com,
foto:blog dadaucasinhas.blogspot.com


Mas é claro que este não foi o único encontro artístico transformador na vida de Nelson Xavier, que dedicou cinco décadas ao teatro, ao cinema e à televisão. Formado no politizado Teatro de Arena, em São Paulo, nos anos 60, integrou montagens clássicas do teatro nacional, como Eles Não Usam Black-tie (1958), de Gianfrancesco Guarnieri, e Julgamento em Novo Sol (1962), de Augusto Boal. 

Só a partir dos 80, ele começou a investir em personagens mais populares e brasileiros. “Queria mesmo era ser autor. Comecei a investir no ator para sobreviver após a ditadura”, disse em entrevista ao CORREIO em 2013. Nesse processo, a Bahia teve um papel importante. Foi aqui que Nelson filmou, em 1982, O Mágico e o Delegado, elogiado trabalho do baiano Fernando Coni Campos (1933- 1988), que defendia a liberdade da arte. Ele considerava o filme o primeiro trabalho desse novo momento, que ganhou amplificação com seu irreprensível Lampião na série da Globo, também em 1982. 

Três anos depois veio o mergulho na obra de Jorge Amado, com o bedel Pedro Arcanjo, considerado por Nelson Xavier um dos mais importantes papéis de sua carreira. “Trouxe o personagem para mim, incorporei”, disse. Nesses três trabalhos, ele fez par romântico com a atriz Tânia Alves. 
Seu último trabalho na TV foi uma participação especial na novela Babilônia (2015). No cinema, o veremos no inédito Comeback, de Erico Rassi, que lhe rendeu o prêmio de melhor ator no Festival do Rio no ano passado e deve estrear no final do mês. Xavier viveu um pistoleiro que planeja voltar ao crime e que se vira tentando emplacar máquinas caça-níqueis em botecos suburbano. Também saberemos mais da vida dele na autobiografia que Xavier estava escrevendo e que deve ser lançada por sua esposa, a atriz Via Negromonte.

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